Lançamento do Podcast Papo com Legenda

Imagem com fundo azul claro, o logo do Papo com Legenda está no centro da imagem. O logo é composto pela letra P, que tem a cor amarela, seu formato é semelhante a um ícone de balão de fala. No centro da letra P há uma vírgula de cor azul clara. No centro da imagem, ao lado do logo, está escrito em letras brancas Papo com Legenda. No canto superior e inferior da imagem há linhas variando entre as cores verde, rosa, azul e amarelo. 

Nosso grupo de pesquisa MATAV vai lançar em 30 de setembro o podcast sobre acessibilidade audiovisual Papo com Legenda. A ideia de entrar para o universo das mídias sonoras surgiu no início de 2021, a partir da necessidade de divulgarmos para um público mais amplo as ações desenvolvidas pelo MATAV, especificamente nas temáticas que envolvem a produção audiovisual acessível para pessoas com deficiência visual e auditiva.

Em 2020, com a quarentena em todo país, realizamos diversas Lives e o alcance do público foi além de Bauru e do estado de São Paulo, conseguimos entrevistar uma audiodescritora brasileira que mora no Canadá. Percebemos, então, que o podcast teria ainda mais eficácia, pois além de ser um meio que pode ser acessado no momento que o usuário quiser, será um inventário de nossas produções. O conteúdo fica armazenado e podemos sempre usar.

Legenda para quem não ouve

Um grande diferencial do Papo com Legenda é que todo o conteúdo dos episódios será publicado no blog do MATAV, pois pensou-se também no acesso da pessoa com deficiência auditiva. Ou seja, haverá legenda para todos e todas. Basta a pessoa entrar no blog do Matav e acessar o menu Papo com Legenda

Quem faz o Papo com Legenda?

O podcast é coordenado pela líder do Grupo MATAV, Profa. Dra. Lucinéa Marcelino Villela, Doutora em Comunicação e Semiótica (PUC/SP) e Pós Doutora em Tradução Audiovisual (Universidade Autônoma de Barcelona), e as diversas funções são desempenhadas por uma equipe de alunos do Curso de Rádio, Televisão e Internet da UNESP/Bauru, além de outros voluntários do Curso de Design e deTradução da UNESP e ainda há profissionais das áreas de Letras e Tradução.

Pesquisa e Produção: Profa. Dra. Lucinéa Marcelino Villela

Roteiro: Gabriel H. Leite de Souza (RTVI/FAAC), Julia Ferreira da Silva (RTVI/FAAC), Natália Fernandes de Sena (RTVI/FAAC) e Walesson Almeida dos Santos (RTVI/FAAC).

Edição som: Gabriel H. Leite de Souza (RTVI/FAAC)

Apresentação: Lucinéa Marcelino Villela e Aniele de Macedo Estevo (Design/FAAC)

Trilha sonora: João Batista de Carvalho e Silva Signorelli (RTVI/FAAC)

Comunicação: Luiza Hidalgo (Tradutora/UNISAGRADO), Walesson Almeida dos Santos (RTVI/FAAC), Natália Fernandes de Sena (RTVI/FAAC) e Isabeli Bovério dos Santos (Tradutora/UNISAGRADO)

Transcrição: Ana Laura Dias (Tradução/IBILCE), Luiza Hidalgo (Tradutora/UNISAGRADO), Letícia Santos (Mestranda PPGEL/IBILCE) e Daniela Carvalho Souza (Licenciada em Letras)

A primeira temporada do podcast será composta por episódios sobre audiodescrição, dublagem, web acessível e mídia sonora acessível. As temáticas serão desenvolvidas por meio de uma introdução histórica e conceitual e, no segundo bloco, haverá entrevistas a especialistas e profissionais de cada área. Contaremos também com um episódio com participação de uma pessoa com deficiência visual, que atua em Porto Alegre como consultor em audiodescrição. Ele relatará, na perspectiva do usuário, as experiências de acesso ao audiovisual.

Os episódios serão lançados às quintas-feiras, a partir de 30 de setembro, e o episódio piloto será sobre audiodescrição (AD). Foram entrevistadas duas pioneiras em AD no Brasil que compartilharão com os ouvintes as etapas de produção de AD no Carnaval no Rio de Janeiro e São Paulo.

Dia do Tradutor: 30 de setembro

O lançamento ocorrerá no Dia do Tradutor, data comemorada em todos os países ocidentais, em homenagem a São Jerônimo, tradutor da Bíblia para o latim. As modalidades de audiodescrição e legendagem para surdos são estudadas dentro da área de Tradução Audiovisual e a líder do grupo MATAV é formada em Tradução pela UNESP, no IBILCE em São José do Rio Preto.

Instagram @papocomlegenda

https://matavunesp.wordpress.com/

ENTREVISTA COM DANIELA REIS, IDEALIZADORA DO PROJETO ENXERGANDO O FUTURO

Por Daniela C. de Carvalho Souza

Descrição de imagem: Fotografia em cores claras. No centro da imagem, Daniela está sentada em um banco de madeira escura e à sua frente há uma mesa de madeira retangular escura. Suas mãos estão sobre uma cela pré-braille nas cores preta, vermelha, azul e verde. Ela é magra, possui pele clara, cabelos castanhos claros, longos e ondulados com mechas loiras. Ela usa um vestido estampado nas cores azul, rosa e branco com alças finas. Está maquiada. Atrás do banco de madeira, na parede de fundo, há uma cortina branca e à direita da imagem há um vaso grande com uma vegetação com flores rosas.

Neste mês a entrevistada do blog MATAV é a empresária Daniela Reis Frontera, de Duartina, interior de SP. Aos 23 anos foi diagnosticada com retinose pigmentar e soube que perderia grande parte da visão. Mesmo em meio às dificuldades, nunca desanimou, buscou maneiras de se adaptar a sua nova realidade e foi aprender Braille. A partir daí, imaginou que além de aprender, também poderia ensinar o método a outras pessoas com deficiência visual e transformar as vidas dessas pessoas, pois acredita que poder ler é também uma forma de inclusão, e o Braille é o caminho para isso. E assim foi criado o projeto Enxergando o Futuro. Na entrevista, ela conta um pouco a história do projeto e sua paixão pelo esporte.

MATAV: Como surgiu a ideia deste projeto?

DANIELA: A ideia surgiu do momento em que resolvi aprender o método Braille e senti muita dificuldade em encontrar um profissional que me ensinasse, mesmo pagando pelas aulas. E isso ficou em meu coração, pois imaginei como seria com aquelas pessoas que realmente necessitam dessa alfabetização e não encontram profissionais suficientemente capacitados.

Então, quando encontrei uma professora que me ensinasse Braille, eu disse a ela que, quando estivesse pronta, gostaria de ser instrutora deste método. E com o seu apoio e suporte técnico, em novembro de 2019, nasceu o “Enxergando o Futuro”. Começamos em minha cidade, com apenas 10 alunos e com aulas presencias. Porém, com a pandemia, tivemos vários desafios, mas superamos e hoje, esse projeto tornou-se mundial.

MATAV: Qual o grande propósito do Enxergando o Futuro?

DANIELA: Nosso propósito é alcançar cada vez mais as pessoas com deficiência visual e levá-las a aprenderem o método Braille, além de tentar conscientizá-las que o Braille é importante na vida da gente; que o Braille é nossa cartilha. Portanto, nosso objetivo é Brailletizar essas pessoas e transformar o Braille numa língua nacional. Também, queremos levar a todos os municípios do nosso país uma consultoria para que possamos capacitar profissionais de tal forma que, se nascer uma criança cega naquele município, a prefeitura tenha um profissional capacitado pelo Enxergando o Futuro, capaz de alfabetizar essa criança.

MATAV: Você poderia dar detalhes sobre como essas as aulas acontecem?

DANIELA: São aulas a distância, por meio da nossa plataforma on-line gratuita e com acessibilidade para as pessoas com deficiência visual. Na plataforma, vamos liberando as aulas para que os alunos possam fazer as atividades dos módulos. Depois, devem postar essas atividades no grupo de WhatsApp de alunos. E, somente depois da correção e análise das atividades é que liberamos outro módulo. Se o aluno tiver dificuldade, nós o chamamos e tiramos dúvidas e ele tem a oportunidade de fazer a correção. Se necessário, fazemos chamada de vídeo com as nossas pedagogas voluntárias que enxergam. E, aleatoriamente, fazemos aulas on-line pelo aplicativo Zoom com a pedagoga vidente que me auxilia na correção.

Logo no início do curso, ensinamos nossos alunos a confeccionarem uma cela pré-Braille, com material reciclável, que vão usar para a alfabetização. E essa é a primeira etapa do curso. A segunda é a reglete negativa, e a terceira é a leitura.

MATAV: Como tem sido a adesão das pessoas ao projeto?

DANIELA: A adesão tem sido muito boa. Estamos atingindo quem gostaríamos, mas queremos muito mais. Nós somos 6 milhões e meio de pessoas com deficiência visual, então ainda temos muita gente para alcançar. Então, pedimos que todos os meios de comunicação se manifestem e abracem a nossa causa para que realmente cheguemos até essas pessoas que não tiveram oportunidade de se alfabetizarem no Braille e possam ser alfabetizados em casa. Só precisa ter a Internet, do restante a gente cuida. Atualmente, estamos com alunos em outros países como Portugal e África do Sul. E no Brasil, já chegamos em 25 estados, totalizando mais de 180 alunos. E queremos transformar nossa plataforma em multilíngue para que também possamos ensinar o Braille em espanhol e inglês.

MATAV:  Como os interessados podem se inscrever e participar deste projeto?

DANIELA: Quem quiser se inscrever pode entrar no nosso site enxergandoofuturo.com.br; nas nossas mídias sociais (Facebook, Instagram, LinkedIn); no nosso canal do YouTube Enxergando o Futuro ou pelo WhatsApp (14) 997408217. É só deixar uma mensagem que já enviamos o link para a inscrição.

MATAV:  Como o projeto é mantido e como voluntários podem ajudar de alguma forma?

DANIELA: Vivemos de doações, de campanhas, de rifas, de lives solidárias. Como o projeto cresceu muito, existem gastos. Então, procuramos empresas que queiram ser parceiras. Já temos empresas e pessoas físicas que contribuem mensalmente. Em breve, vamos transformar o Projeto em Fundação, para que também possamos oferecer outros benefícios aos deficientes visuais. E todos que quiserem contribuir com o Enxergando para o Futuro, podem entrar em contato conosco e para empresas maiores com responsabilidade social, temos formas bem interessantes para que possam participar das mídias.

Aqueles voluntários videntes, ou seja, os que enxergam, também sempre são bem-vindos para nos ajudar e podem entrar em contato pelo WhatsApp.

MATAV: Além de todo esse trabalho e dedicação em ajudar pessoas com deficiência visual, você ainda é paratleta?

DANIELA: Pois é. Quando era criança, eu praticava o paratambor, pois já tinha  dificuldade para enxergar, mas depois acabei parando. Eu sempre gostei muito de esportes. Eu corro, pedalo na bicicleta Tandem. Este ano, descobri a Ecoterapia em meu município, então, entrei em contato para fazermos uma parceria com o projeto e, durante a conversa descobri que eu poderia fazer o paratambor com acessibilidade. Então, comecei as aulas. Como não tenho medo, sou arrojada, enfrentei esse desafio. E, recentemente, fui Vice-Campeã Nacional do Paratambor. Hoje, estou muito feliz e realizada em praticar um esporte que achei que nunca mais conseguiria. E isso não tem preço!

Por isso, digo sempre: você que tem qualquer tipo de limitação, não se entregue! Adapte-se a uma nova realidade de vida e não deixe seu sonho acabar!

Descrição da imagem: Fotografia de Dani Reis. Ela é uma mulher de pele clara, é magra, seus cabelos são castanhos claros, longos e ondulados com mechas loiras. Em pé, ela sorri e segura um troféu prata em forma de um cavalo. Ela veste uma camisa de manga longa azul clara, calça jeans e cinto de couro.

Para saber mais sobre o projeto visite:

https://www.youtube.com/enxergandoofuturo

https://www.linkedin.com/company/enxergando-o-futuro/

https://www.instagram.com/enxergandoofuturo/

https://www.facebook.com/projetoenxergandoofuturo